Ao menos 24 trabalhadores que atuam em caminhões da coleta de lixo em Santarém, no oeste do Pará, suspenderam as atividades nesta segunda-feira (16), em protesto contra as condições de trabalho. Eles alegam que estão tendo que fazer a coleta a pé por cerca 30 km por dia, desde que a empresa Terraplena proibiu que fossem transportados na traseira dos caminhões. Pelo menos 48 homens atuam no serviço no município.
A medida é resultado de uma operação de fiscalização realizada em todo país pelo Ministério do Trabalho em Emprego (MPE), onde foram constatadas que algumas empresas estavam atuando de forma precária. A fiscalização apontou risco grave na função, onde os trabalhadores se arriscam em ruas e avenidas movimentadas, o que tem provocado acidentes e batidas de outros veículos com a traseira dos caminhões.
A fiscalização apontou ainda que os trabalhadores estão expostos a perigos como desvios repentinos de trajetória, frenagem ou aceleração bruscas, buracos e lombadas. Depois dessa operação, as empresas tomaram algumas medidas, o que não agradou a classe trabalhadora. Alguns coletores relatam problemas de saúde após a proibição de andar nos estribos, como esgotamento físico, dores nas pernas e na coluna.
Para o Sindicato dos Trabalhadores de Empresas de Asseio, Conservação, Higiene Limpeza e Similares do Estado (Sinelpa), a maior preocupação é com a demanda exaustiva dos trabalhadores. “É um trabalho que a gente pode considerar análogo ao trabalho escravo. O Sinelpa já acionou o Ministério Público do Trabalho e solicitou uma audiência entre as partes envolvidas”, explica o advogado Nilson Almeida.
A gerência da empresa Terraplena preferiu não gravar entrevista, mas por telefone informou que desconhece os motivos do protesto e que não foi procurado pelos trabalhadores. A gerência disse ainda que para não afetar a coleta de lixo, houve a substituição dos trabalhadores que paralisaram as atividades nesta segunda-feira e a coleta deve continuar normalmente em Santarém.
A Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria de Infraestrutura (Seminfra), informou em nota que após saber da paralização de parte dos trabalhadores da coleta de lixo, acionou a empresa Terraplena, solicitando medidas emergenciais para que o serviço não fosse interrompido no município. Sobre as condições de trabalho dos servidores, a Seminfra disse que vai verificar a situação junto a empresa.
FONTE: G1